sábado.
Ela, que me deu um nome e me chama de outro, grita lá da sala
-Juuuuuuuuúlia!
Eu, com o corpo confuso e olhar indignado resmungo um "huuuuuuuuum!?" sem abrir a boca e com um leve esforço
- vam pu cinema?
Lembrei dos filosofos gritando desesperadamente por uma carona até meu sono ontem à noite. carona que nao dei. tenho que estudar e muito. ai os passos apressados aumentam e um novo grito que pareceu muito maior. espontâneo e feliz, como uma criança:
- vamos, o filme já vai começá, começa deizemêa...a gente vai perder - lendo o panfleto do tal cinema de arte - o melhor filme do ano?! olha!...vamo, precisa tomar banho nao!

ai como eu odeio ouvir isso! lembrei de qdo ela me acorda pra ir à praia e tudo tem que ser tao rapido que a tal frase sempre vem à tona. preciso sim, tomar banho, se nao, minhas celulas ainda ficam com o sono na memória, e nao despertam. bem, deixa platao pra lá- pensei. e ao mesmo tempo do meu pensamento, outro grito:
- o filme é sobre filosofiiiiia!
tudo bem, pode ser que eu aprenda algo e me divirta ao mesmo tempo. se eh que o tal tempo existe. eh claro que existe,e o filme é as 10:30....hummmmm que horas sao? o radio relogio mostrava tais numeros : 10:25.... mas eu os "vi" assim 10:00. sempre adianto o relógio entre 20 e 25 minutos, menos o de pulso que é só dez minutos pra frente (mas isso aih eh outro post). no carro, fui lendo o que sobrou do papelzinho do cinema de arte. descobri o nome do filme. Waking life. pq nao traduziram? vai ver o filme eh uma b...em, eu conheço esse cara....vixi! eh o mesmo diretor de "Antes do amanhecer", praticamente o filme mais legal do ano em que o assisti! deve ser genial!

e deu tempo. o filme em pelicula nao veio e assistimos em dvd. tudo bem, valeu a pena, e muito. um dos melhores filmes que já vi. sem medo. mas preciso ve-lo de novo, eh muito filosofico. e eu que deveria ter estudado na sexta ao inves de dormir. entenderia muito mais. bem, nem tanto. so sei que nunca mais verei algo tao sincero e louco. clap clap clap palmas no final do filme. mas so no mundo inteligível.

Júlia Campelo