quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

devia ter pra mais de quarenta, ja. nao consegui ve la de frente, mas seu rosto era naturalmente bronzeado, e suas orelhas carregavam involuntariamente uma bijuteria que nao rimava com sua idade. olhou assustada pra janela. um assustado de quem viveu uma vida dificil num mundo calmo. epoca calma. era um susto contido, mas indignado.
como tinha lembrado ali, tinha vivido sofridos dias, principalmente suas ultimas duas decadas. resolvido inumeros problemas, passado por cima de grandes magoas.mas, apesar disso,adiara levar seus oculos para o conserto um mes ou mais.... um mes e quase uma semana, ja que o quebrara na visita a tio ze carlos.

os levantava constantemente, para enxergar melhor. ou para enxergar.
percebera a ironia. ensaiou um sorriso. ou seria esse mesmo o sorriso de gente cansada dos dias?

o calor escaldante a fazia enxugar o rosto ja despido da maquiagem. o suor molhava seus cabelos. ofuscantes, e de cores argentinas. por sinal muito bem penteados.
nao deu pra ver sua bolsa, mas acho q era isso q protegia com tanto esmero. nao pelo dinheiro, mas pelo valor de seus documentos, medido pelo trabalho que dava tirar novos.

desceu na praça. digamos entao que ia pra casa.

de longe nao da pra ler pensamentos.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

enquanto andava, pensava em quem temia.
seu chefe, suas costas. as leis de seu pais e as leis de seus pais. uma roubada, ja que nunca poderia deixa los de lado e ir para o tao sonhado lugar distante - pois, se tinha que ser distante nunca iria alcança lo - era uma confusao, sua cabeça.
e aquelas telas coloridas ajudavam a pensar, agora, em quem gostava, e o que.
a atendente da sorveteria, que sempre sabia seu pedido, mesmo que uma (nao tao) pura e simples agua mineral; o lindo white terrier da campanha da ig e o sabonete lilas de r$ 3.50 que tinha pena de gastar.
ele sempre pensava em coisas futeis.
mas hoje nao.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

acenava com a mao para nao dizer bobagens. as vezes ate erguia a cabeça de um jeito rapido para o contato ser menor. depois disso pensava no encontrado durante uns dois ou dez segundos - dependendo do nível de interesse dele - e seguia em frente mesmo que fosse uma esquina. a coluna era sacrificada por seu olhar constantemente quase paralelo ao chao. suas pernas sendo menores poderia ser um rente ao chao ou, como dizem os franceses, um basset. ai ele nao via sempre as pessoas, os carros, a vida. a vida ao seu redor (pra deixar de falar entorno) . so a vida em baixo dele. nao corava muito com o sol forte, nem se importava em arrumar os cabelos. só levantava o olhar quando chegava a biblioteca municipal, seu destino a pé de todas as tardes. gostava de passear entre aquelas cores e aqueles papeis odorosos. lambia um a um com seus olhos. e gostava do sabor barulhento de seus dedos acariciando os de tamanhos diferentes.
como nao se podia entrar com caes no tal templo, ele levava os 3 livros que tinha direito, sendo um de contos e outros dois do que fosse.
sempre lia acariciando a Criatura Cachorro. q nao tinha nome, mas, talvez por isso, sempre atendia a um "vem", um "aqui", ou ate mesmo um estalar qualquer dos labios.
já tinham lhe contado que a grama era mais verde la pelos outros lados da cidade, mas gostava de morar ali. era perto da biblioteca. e so.
mas alem disso, para nao dizer so isso, tinha preguiça de se mudar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

falo seu nome e logo nao eh mais.



R: Silencio.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

desligue o computador e va ler um livro

domingo, 2 de janeiro de 2005

pra quem
sabe ler
um pingo
eh letra