segunda-feira, 1 de março de 2004

e aquilo a deixava entusiasmada, como quando, nas férias, veio aos seus ouvidos aquela voz feminina e quase simpática da moça que anunciava os vôos.
"Não se pode engordar um grayhound" ela pensou. Pois não havia mais jeito de voltar atrás para aquelas tardes em que o chão era gelado e os pés não tocavam os tacos de madeira mal assentados. Olhava a janela desajeitada porque sua bolsa carregava muita coisa. Coisas de que não precisava sempre, mesmo que fossem coisas úteis. Mas a alegria, que a fazia levantar as orelhas, não examinava o peso em suas costas ou em seu ombro.
Eu não disse que era uma tarde quente, disse? Pois era. E como não podia deixar de ser, ela estava de preto, que combina com o banco do ônibus, o branco-vermelho das calçadas, que agora são em pedra portuguesa, e com aquela bolsa (tão colorida) que fazia chocalhos na cabeça de quem a olhava. Era melhor assim. Olhavam a bolsa e esqueciam-na ali, de preto, no canto. Mas sempre, sempre na janela.

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